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MARY MARODIN

Meu trabalho é o resultado do diálogo entre o meu fazer pictórico e fotográfico e a minha intencionalidade intuitiva. Crio um mundo em cores e forma onde a imaginação e materialidade constituem um processo único de ressonâncias da alma.

Meu método é intuitivo, afino a escuta, o olfato, a visão e o tato confiante no sentido latente presente na minha pintura/fotografia. Crio com elas um sistema de significações pessoais, que só se evidencia no decurso do processo, quando me distancio e reflito. Cor, forma, enquadramento são para mim operacionalidade formativas de imagens, são conteúdo deste sistema.

A linha orgânica é movimento, que considero mudança em ação, mudança de fluxo de afetos, de transformação e renovação.  Por se tratar de pintura, a linha é também mancha e a nomeio “fita-linha”, registro do gesto, inscreve e indica movimento. Ao meu processo introduzo a fotografia como elemento provocador. A princípio para explorar a espacialidade, mas,no percurso, percebo que ela é parte do meu fazer artístico, é índice referencial de mim mesma, elemento instigador. A fotografia nas palavras de Ronald Barthes é “sentimento” e aventuro-me nela, não como um tema, mas como uma ferida: vejo, sinto, portanto noto, olho e penso.

Arrisco relações com a fita linha, que aparecem por acaso ou por necessidade do encontro, ou ainda, do desencontro entre o meu corpo e o corpo da tela ou ainda no corpo da fotografia, num jogo tateante e laborioso, contudo as escolhas são criteriosas e cautelosas.

Não me preocupo quando a pintura irá ficar pronta ou se será uma boa fotografia, vou fazendo e criando num impulso contínuo e espontâneo. Arrisco dizer que meu trabalho artístico depende 5% daquilo que me afeta e 95% no sentido que atribuo a estes afetos. Faço arte simplesmente porque quero mostrar aquilo que não diz respeito somente aos olhos, mas à sensibilidades e a inteligência da alma.

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